Embrapa organiza e-book sobre Defensivos Naturais
O livro conta com mais de 70 autores
A Embrapa publicou recentemente o livro Defensivos Agrícolas Naturais: uso e perspectivas – que nasceu da necessidade de se enquadrar as informações contidas nas discussões científicas e palestras proferidas durante o V Congresso Brasileiro de Defensivos Agrícolas Naturais, realizado na Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), no qual foi discutido o papel dos defensivos naturais na agricultura do século XXI. Trata, em seus capítulos iniciais, sobre temas ligados ao acesso ao patrimônio genético natural, legislação para o desenvolvimento e uso de defensivos naturais, testes laboratoriais e qualidade de análises exigidas para o registro destes produtos. Analisa questões referentes ao potencial de desenvolvimento de defensivos naturais derivados de plantas, incluindo questões concernentes à biodiversidade, tecnologia de obtenção, pesquisa e uso de defensivos agrícolas naturais. Apresenta, sob a ótica epidemiológica do controle biológico de pragas, doenças e plantas daninhas e as visões do produtor e da indústria, o processo de transição para um modelo agrícola de base biológica em diferentes escalas, ou seja, grandes culturas, cultivo intensivo e outros.
Conforme explicou Isabel Penteado, chefe adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa Meio Ambiente, o livro conta com mais de 70 autores, em 24 capítulos, onde reúne uma grande e importante quantidade de informações. “Discute desde aspectos regulatórios e modelagem, até os temas mais diretamente ligados à produção e uso de defensivos naturais, o que certamente será de grande utilidade aos interessados no tema,” disse Isabel.
Já Yelitza Colmenarez, representante Regional do Centro Internacional para Agricultura e Biociência – CABI para América Latina e Caribe (em sua sigla em inglês), que também assina um dos capítulos do livro, salienta que a edição fornece informações atuais, apresentando pesquisas e experiências na utilização dos métodos naturais de controle, com comprovada eficiência, na procura de aumentar a sua utilização e de práticas mais sustentáveis na produção agrícola. Ainda segundo Yelitza, “apesar da crescente importância que métodos sustentáveis de controle de pragas vêm ganhando nos últimos tempos, devido principalmente aos efeitos negativos causados pelo uso excessivo e incorreto de agrotóxicos, é difícil encontrar num único livro, recopilação sobre defensivos agrícolas naturais da forma em que se apresenta nesta obra, passando pelo uso dos botânicos, parasitoides, predadores e entomopatógenos, discutindo de forma crítica o potencial e desafios para o uso, produção e comercialização dos mesmos,” explica ela.
Os editores técnicos, pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente, apontaram a atualidade da temática da obra pela capacidade de contribuir para o avanço e consolidação do tema no País, e pelo alto grau de relevância, tanto para pesquisadores e indústrias de insumos, quanto para técnicos e produtores que perseguem uma agricultura baseada em sustentabilidade. Nesse contexto, o bibliotecário da Embrapa Meio Ambiente Victor Paulo Simão ressalta que a oferta da obra à sociedade certamente trará o benefício da informação a pesquisadores, estudantes, agrônomos, técnicos agrícolas e agricultores, ou seja, todos aqueles atores com algum grau de interesse na produção segura e sustentável de alimentos e outros produtos vegetais.
Defensivos naturais
Os defensivos agrícolas naturais são os produtos originários de partes de, ou compostos extraídos de plantas, microrganismos, animais e minerais. São sistemas em franca expansão que buscam obter vantagens das interações de ocorrência natural, dando ênfase ao manejo das relações biológicas e processos naturais. Estão em contraste ao modelo usual, que usa defensivos químicos para realizar o controle de pragas. Ao dar ênfase ao manejo das relações biológicas e processos naturais, estão em plena consonância com as expectativas dos consumidores que buscam produtos mais saudáveis. Por essa razão, defensivos naturais experimentam um crescimento no Brasil e no mundo, principalmente nas pequenas e médias propriedades agrícolas e na agricultura familiar, mas também já é utilizado em grandes propriedades agrícolas. Dessa forma, o mercado de defensivos naturais, principalmente capitaneado pelo controle biológico, está crescendo cerca de 16% ao ano no mundo. No Brasil esse segmento do agronegócio já representa de 3 a 5% das vendas dos pesticidas químicos e há espaço para continuar crescendo. Esse movimento tem colocado os defensivos agrícolas naturais em discussão, como opção viável para a produção saudável de alimentos.