Como evitar desperdício de alimentos e combater a fome
Você sabia que cerca de 1/3 de todo alimento que é produzido é simplesmente desperdiçado? Que mais de 900 milhões de pessoas ainda passam fome? Isso acontece durante vários estágios, da produção ao transporte, da comercialização ao hábito do consumidor. Mas você pode contribuir para que isso mude. Saiba como.
Um dos primeiros fatores a causar desperdício vem da própria produção rural. No intervalo entre a colheita e o transporte, muitos produtos são deteriorados devido a questões de temperatura, manuseio equivocado, instalações inadequadas, entre outros fatores.
Quando o produto chega às redes de supermercado ou centrais de abastecimento, muitos não chegam a ser comprados porque não batem com as exigências que quem está negociando. Não por terem qualidade ruim, mas por terem algum machucado ou coloração que, por força do hábito, seriam preteridos pelos clientes na gôndola.
Isso acarreta um grande problema que Ibiúna enfrentou por muito tempo e, na surdina, ainda enfrenta. Transportadores que voltam com a carga total ou parcialmente não comercializada jogam os produtos em locais escondidos ou perto de comunidades carentes, que aproveitam esta carga. Sem qualquer higienização, aí sim os produtos podem causar danos a quem vai consumir. Isso quando a carga não apodrece e gera mal cheiro e a contaminação do solo e de córregos próximos onde foi despejada.
Outro momento de desperdício é quando, nos supermercados, os produtos ficam por tempo demais na exposição e não são consumidos. Mesmo com possibilidade de serem utilizados, por já não estarem tão bonitos, são indiscriminadamente jogados fora na maioria dos casos.
E no restaurante, o desperdício ainda rola solto. O brasileiro ainda tem dificuldade de saber o que é capaz de comer. É muito mais fácil se servir com uma quantia exagerada e restar depois, do que comer o suficiente. Neste ponto, muitos restaurantes se tocaram dos malefícios de desperdiçar alimento em seu negócio e cobram por isso.
Em casa, não somos diferentes. Pense em você ou alguém que cuida da sua geladeira ou dispensa para avaliar o quanto se joga fora. Sabe aquela banana que está quase passando e que ninguém quer? Vai para o lixo. E o resto de arroz e feijão no prato? Também vai.
Infelizmente, este comportamento não é exclusivo de nossa cidade. Some todos os 200 milhões de brasileiros, mais os 7 bilhões de pessoas no mundo. O resultado, segundo a ONU, é que 925 milhões de pessoas no mundo ainda passam fome. A mesma entidade traça um prognóstico considerando que a instabilidade do clima e a diminuição da área de plantio elevarão o risco de que 20% da população mundial passe fome até 2050.
Um dos fatores mais tristes nisso tudo é que a produção atual de alimento seria suficiente para alimentar a todos que passam fome. Mas isso não acontece, justamente por conta do desperdício.
Uma nova atitude é possível
Se você, assim como nós do Sindicato Rural de Ibiúna, também fica tocado com esta situação e quer fazer sua parte para que isso não aconteça, há uma série de possibilidades para ajudar a virar este quadro.
Uma delas é o consumo consciente. Não compre por impulso, jamais. Prefira a produção local. Quanto mais você consome produtos de sua região, mais você reduz processos que causam desperdício.
Não deixe de levar produtos para a casa apenas porque não o considera bonito o suficiente. A propriedade do alimento não está na beleza. Se você deixa um alimento meio amassadinho de lado, ajuda a passar a informação para o gerente do supermercado que tais produtos – ainda que bons para o consumo – não servem para a sua mesa. Resultado, mais alimento jogado fora e mais gente passando fome, sem contar o prejuízo do produtor.
Outra atitude possível é participar de iniciativas sustentáveis, como o projeto Satisfeito, um movimento de combate à fome de crianças que reúne consumidores, restaurantes e entidades que trabalham com segurança alimentar. Se você é dono ou gerente de restaurante, cadastre-se agora mesmo para participar. Se você é consumidor, também pode optar por comer em locais que aderiram a esta ideia.
Conscientize-se! Fazendo isso, você ajuda a diminuir a fome e também contribui para o produtor rural de sua cidade.